Como a análise de dados e a inteligência artificial impactam nossa vida.
Hoje vivemos em um mundo que é ditado pelos dados. Tudo que fazemos, de alguma forma, gera dados que são coletados e usados por empresas para prover serviços personalizados. Como tudo na vida, esse cenário tem seus prós e contras. Vamos discutir um pouco sobre isso no texto.
O dado é o novo petróleo
Em 2017, a o site The Economist publicou uma matéria que tinha como título a frase: “The world’s most valuable resource is no longer oil, but data”. O texto evidencia um nova percepção que surgiu sobre os dados. Os dados sempre foram uma forma de gerar informação e consequentemente tomar decisões. O método de coletar, processar e analisar os dados é inerente ao ser humano. O que mudou então nos últimos anos?
As mudanças podem ser analisadas a partir de 3 fatores: (1) aumento na capacidade de coletar e armazenar dados; (2) novos algoritmos e aumento do poder computacional para que tais algoritmos processem esse grande volume de dados; e (3) o fato de gerarmos cada vez mais dados. Acredito que esses 3 fatores foram determinantes para o aumento na importância em se ter dados e fazer dele o recurso mais valioso do mundo.
Somos uma fábrica de dados
Ao longo dos textos, vou explorar estes fatores. Para começar, queria discutir o que chamei de “fábrica de dados”. Hoje nós geramos muitos dados e, muitas das vezes, sem perceber estamos fornecendo tais informações.
Geramos dados ao acessar um site, ao curtir um foto, ao postar uma mensagem no twitter, ao assistir um filme ou simplesmente ao pesquisar um item em um site de compras. Estes dados permitem identificar o que gostamos e o que não gostamos, servindo como ponto de partida para um série de tomada de decisões por parte das empresas. Assim como, informações para seus algoritmos de recomendação (abordarei esse termos mais a frente em duas vias: um texto mais geral e um tutorial prático).
Quer fazer um teste simples? Acessa agora algum site de compras, pesquise um tipo de produto algumas vezes e entre no facebook. Verifique se os banners da rede social estão relacionadas com a busca que você fez. A partir do seu histórico de visita, eles sabem exatamente o que você acessa.
Coletar ou não coletar esses dados deve ser um decisão do usuário. Por isso que iniciativas com a LGPD (Brasil) e a GDPR (Europa) vem para deixar mais claro como as empresas coletam, o que coletam e o que fazem com nossos dados. Precisamos estar atentos aos termos que aceitamos quando entramos em uma rede social, acessamos um site ou baixamos um aplicativo. Apesar de ser uma abordagem que visa personalizar ofertas, propagandas e serviços, isso pode parecer invasão de privacidade.
Os dados fazem o bem
No entanto, nem tudo é teoria de perseguição ou invasão de privacidade. Os algoritmos que são usados por essas empresas para recomendação de produtos, fornecem também um série de benefícios em termos de tecnologia. Vamos ver alguns exemplos.
As informações coletadas de milhares de aparelhos celulares conectados a plataformas como o Waze, permitem mapear as cidades e nos fornecer informações precisas sobre engarrafamentos, acidentes e tempo de transporte de um lugar a outro. Isso não só ajuda a nos locomover melhor como a evitar regiões de riscos em dias de chuva, por exemplo. Os alertas e as previsões só são possíveis porque permitimos a coleta de informações. Esse tipo de aplicativo não tem só um impacto na forma como nos locomovemos, mas ajuda os gestores de trânsito a entender como o trânsito flui em suas cidades.
Uma outra área que é beneficiada pela coleta de dados é a da saúde, mais precisamente na análise surtos. Um dos trabalhos que, no meu ponto de vista, representa bem esse cenário é o “Dengue surveillance based on a computational model of spatio-temporal locality of Twitter”. Nesse trabalho, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais utilizaram dados de usuários de twitter para mapear ocorrências de casos de dengue no Brasil. Mais recentemente, uma idéia parecida foi utilizada para prever a expansão do coronavírus no mundo. Os pesquisadores conseguiram mostrar a partir da análise de textos postados em redes sociais, blogs e fóruns especializados como a doença ia se propagar pela china antes do anúncio oficial das autoridades. Esse tipo de trabalho é extremamente importante para que governos tomem decisões com antecedência e consigam se prepara mesmo antes do relatos dos infectados.
Por fim, um outro cenário é o da segurança pública. Existem diversos trabalhos que buscam usar dados coletados de diferentes fontes para prever a incidência de crimes. No trabalho “DeepCrime: Attentive Hierarchical Recurrent Networks for Crime Prediction” os autores utilizam uma rede neural profunda para fazer predições de crimes na cidade de Nova York. Um outro exemplo da aplicação da análise de dados vem também de Nova York. Desde 2016, o departamento de polícia utiliza análise de dados para casar padrões e ajudar os investigadores na solução de crimes.
Existem vários outros exemplos de como os dados podem ajudar a sociedade. Aos poucos vou trazendo mais exemplos de várias áreas aqui no blog.
Para onde estamos indo?
Não há dúvidas que a tendência é gerarmos mais dados, as empresas coletarem mais dados e novos algoritmos de predição surgirem. Novas tecnologias vão surgir a partir disso e a tendência é termos cada vez mais sistemas personalizados com um “poder” de predição cada vez mais efetivo. Acho que esse é o futuro.
Da mesma forma que acho que a transparência do que compartilhamos e, principalmente, de como as empresas utilizam nossas informações é essencial. As leis de segurança de dados tem essa proposta. No entanto, se as mesmas não forem acompanhadas de um controle de sua aplicação e de sua viabilidade, vamos continuar sem entender como os dados são usados e como uma informação personalizada chegou no seu e-mail.
A inteligência artificial combinada com técnicas de análise de dados tem um poder absurdo de mudar como vivemos. Isso já é uma realidade. Já acontece. E vai acontecer cada vez mais. A questão é: estamos preparados para essas mudanças? Vamos discutir isso nos próximos textos.
É isso pessoal, o que acharam? Comentem e se gostaram compartilhem. Esse foi o primeiro post. Tenho muita coisa para discutir com vocês. Até o próximo post 🙂
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