setembro 25, 2020

Minha experiência com as aulas remotas de computação

Por data2learning

Desde do início da pandemia as aulas presenciais foram migradas para o formato virtual. Essa mudança pegou todo mundo de surpresa e exigiu adaptações nas aulas. Nesse formato desde abril, resolvi escrever um post sobre minha experiência em sala de aula ao longo destes meses.

Vale ressaltar que tudo que for apresentado aqui é proveniente dessa experiência. Não fiz nenhum estudo sobre as técnicas utilizadas, mas no final reporto alguns feedbacks que recebi dos alunos. Vou falar um pouco de atividades aplicadas e ferramentas que utilizei 🙂

Ao final do texto, deixo dois vídeos onde falo um pouco mais sobre esse tema. O primeiro é um bate-papo com meu amigo, Professor Newton Vinícius, no canal Papo Educativo. O segundo é minha participação na mesa redonda “O ensino de computação em tempos de isolamento social” do II Workshop de Educação em Tecnologia da Informação, onde pude compartilhar a experiência junto com os colegas: Professora Catuxe Varjão (IFS), Professor Andrés Menendez (UFS) e Professor Vitor Gonçalves (IPB – Portugal).

Ferramentas

Google Meet

Para as aulas on-lines utilizamos o Google Meet desde o início. Sendo assim, não tenho como comparar com outras ferramentas parecidas. Apesar de atender bem às disciplinas, o Google Meet, logo no início, carecia de algumas funcionalidades que já eram vistas em outros aplicativos semelhantes. Isso tem mudado. O Google prometeu algumas atualizações agora para Setembro e Outubro.

No entanto, algumas dessas deficiências eram facilmente compensadas com o uso de extensões. Acho que a mais necessária é a que organiza o Grid dos participantes na sala. Em salas com muitas pessoas, isso se torna complicado com a organização limitada do Google Meet. Para resolver o problema, recomendo a extensão Google Meet Grid View. Existem duas versões, uma que parou de funcionar em Junho e essa linkada que conserta esse problema 😉

Extensão do Google Chrome para visualização em Grid.

Quadro Virtual

A primeira ferramenta que pensei quando as aulas migraram para o virtual foi o quadro virtual. Eu já utilizava na sala presencial, mas se tornou bem útil para esse formato. A possibilidade de você continuar tendo o recurso de “escrita ao vivo” facilitou a migração da forma de lecionar em algumas disciplinas. Utilizo em praticamente todas as disciplinas, mas quando a disciplina é mais teórica ajuda bastante na explicação de alguns tópicos.

Eu uso a ferramenta Doceri. A ferramenta consiste de um aplicativo para iPAd e outro para o computador. Com os dois aplicativos instalados, é possível “riscar” em um quadro branco ou no que está sendo exibido no computador (isso é muito útil para fazer anotações em slides). Eu particularmente, prefiro o uso do quadro todo branco, porque me dá mais liberdade para aula. Em alguns casos, importo umas imagens para o quadro para auxiliar a explicação. A desvantagem dessa ferramenta é que ela só funciona em iPad :/ No entanto, mesmos os iPad mais antigos ainda são compatíveis. O meu é de 2010 e funciona perfeitamente. Segue as algumas fotos do meu uso:

Uso da ferramenta Doceri na aula.
Uso da ferramenta Doceri na aula.

Existem outras opções de quadro virtual como o Jamboard da própria Google. Acredito que funcione bem com o Google Meet e tem algumas opções de colaboração. Também é uma ótima opção.

Padlet

O Padlet foi uma boa surpresa que descobri em uma das capacitações da universidade que trabalho. Ele permite criar um mural colaborativo com os alunos que pode ser atualizado via web ou por aplicativo. Existem vários tipos de murais: timeline, colunas, caixas de blocos. O aluno pode compartilhar texto, imagens, vídeos, entre outras opções, direto da ferramenta.

Já usei em duas atividades. A primeira foi a construção de um mural com os Cientistas da Computação e a outra foi de aplicação de Machine Learning. As imagens a seguir são dos murais construídos pelos alunos.

Mural colaborativo sobre cientistas da computação construído pelos alunos no Padlet.
Mural colaborativo sobre aplicações de Machine Learning pelos alunos no Padlet

Edpuzzle

Outra ferramenta que já usei nesse período foi o Edpuzzle. A ferramenta permite colocar perguntas em vídeos que foram postados no YouTube. É uma funcionalidade bem interessante para fazer atividades assíncronas guiadas. Por enquanto, só fiz uma atividade, mas devo elaborar outras para a segunda unidade.

Na atividade aplicada, os alunos tinham que responder qual era a melhor abordagem para resolver alguns problemas relacionados a área de Inteligência Artificial. A atividade foi passada em uma semana e na semana seguinte, no momento síncrono, acessei as respostas deles e comecei a discuti-las em sala de aula. O aluno pode ter um feedback imediato já que a ferramenta permite colocar gabarito nas respostas.

Atividade de Inteligência Artificial publicada no Edpuzzle.

Na sala de aula

Uso do quadro Virtual

Apresentado um pouco das ferramentas, vou falar um pouco sobre a dinâmica na sala de aula. Como disse anteriormente, um dos primeiros recursos que utilizei foi o quadro virtual. A idéia foi seguir um pouco a abordagem utilizada em curso do Coursera e da Udacity, onde as aulas on-lines são ministradas a partir deste tipo de recurso. Com isso, decide limitar o uso do slide durante a explicação. A aula fica mais dinâmica, porque a criação do conteúdo é na hora. Isso foi confirmado a partir dos feedbacks que recebi dos alunos nas pesquisas de acompanhamento que aplico.

Receber feedback constante

Acho que um dos maiores desafios da aula on-line é acompanhar o que os alunos estão achando da mesma. Como não tem o contato presencial, procurei suprir isso com o feedback constante a partir de questionários. Claro que isso pode ser feito com aulas presenciais também.

No primeiro semestre, questionei os alunos no início do período e no final sobre a metodologia e recursos utilizados durante as aulas virtuais. Na ocasião, fiz as seguintes perguntas:

  • Como você avalia sua experiência de aprendizado na sala virtual?
  • Como você avalia a dinâmica da aula virtual?

Nesse segundo semestre, estou fazendo essa pesquisa aproximadamente de 15 a 15 dias. A proposta é analisar a dificuldade do aluno com o assunto e o que eles estão achando da metodologia e dos recursos utilizados durante as aulas. Neste caso, estou fazendo as seguintes perguntas:

  • Em uma escala de 1 a 5, onde 1 é fácil e 5 difícil, como você avalia conteúdo da disciplina até aqui?
  • Em uma escala de 1 a 5, onde 1 é ruim e 5 boa, como você avalia a dinâmica da aula virtual?
  • Campo aberto para comentários gerais e sugestões sobre as aulas.

Isso permite um acompanhamento constante e permite identificar onde a metodologia está funcionando ou não. Não existe a metodologia que vai salvar todas as aulas. Cada aula tem seu próprio público e seu próprio assunto.

Como ainda estou organizando as respostas do segundo semestre, trago os resultados do formulário passado no primeiro semestre. As perguntas foram respondidas depois da primeira aula virtualizada e no final do semestre. Vale ressaltar que a pesquisa é feita de forma anônima sem a necessidade de identificação dos alunos.

Concluindo

Sem dúvidas o ensino remoto não é simples, tanto para professores quanto para alunos. Entendo que existem cenários bem distintos do qual estou inserido e que sem dúvidas nem tudo que experimentei é replicado em todos eles.

Mas, se eu posso deixar uma mensagem final sobre essa experiência é: escute os alunos. O feedback dos alunos ajudou muito para eu decidir o que utilizar nesse segundo semestre. A proposta de ouvi-los quinzenalmente também foi bem recebida por eles.

E você? É aluno ou professor nesse momento à distância? Compartilhe com sua experiência.

Compartilhando …

Segue os dois vídeos que disse que ia ser compartilhado no final do texto relacionados ao tema do texto 🙂

Bate papo com o Professor Newto Vinícius sobre Pensamento Computacional e Inteligência Artificial na Educação.

Conversei com meu amigo Newton Vinícius sobre pensamento computacional e IA em todo esse contexto de educação à distância que estamos experimentando.

https://www.instagram.com/tv/CDSZLvrhF35/?utm_source=ig_web_copy_link

Participação no II Workshop de Educação em Tecnologia da Informação.

Participei da mesa redonda “O ensino de computação em tempos de isolamento social” onde pude compartilhar a experiência junto com os colegas Professora Catuxe Varjão (IFS), Professor Andrés Menendez (UFS) e Professor Vitor Gonçalves (IPB – Portugal).

A mesa redonda está no início do vídeo, mas logo após a mesa redonda tem a palestra do Professor Heitor Costa da UFLA falando sobre Lições aprendidas: o que o isolamento social pode nos ensinar para o pós período de pandemia.

Aproveito e deixo a primeira parte do evento que teve a participação dos professores Sabrina Marczak (PUCRS) e Esteban Clua (UFF).

Não deixe de me seguir no Instagram @profadolfoguimaraes para ficar por dentro das postagens e assuntos relacionados à Inteligência Artificial, Machine Learning e Análise de Dados.

Até o próximo post 🙂